Dentre os
muitos problemas que temos em nossa área de atuação um dos mais importantes diz
respeito ao não entendimento do trabalho que exercemos por nossos clientes.
Importante
pensar sobre isso porque se as pessoas mal sabem o que fazemos corremos um
grande risco de estarmos sempre frustrando suas expectativas e por consequência
jamais encontrarmos uma melhor posição dentro das organizações.
O que
ocorre vem muito antes deste problema.
Na
verdade, as pessoas não entendem bem o que é a prevenção de acidentes e
associam a nossa área ao conjunto de tantas outras iniciativas paternalistas tão
comuns em nossa sociedade. Para a grande maioria segurança se faz quando dá e, por
conseqüência, o pessoal da segurança é ouvido quando se quer ouvi-lo. No fundo
praticar prevenção acaba sendo um benefício, uma concessão e é claro que vendo
as coisas assim não há muito que fazer.
Daí em
diante mesmo com as melhores formações possíveis e imbuídos da máxima boa
vontade os profissionais especializados são tragados por esta visão mais do que
equivocada e reforçando ainda mais o erro são responsabilizados por tudo que acontece
de errado em termos de acidentes.
O modelo de
prevenção acaba sendo uma extensão da vontade do(s) profissional(is) do SESMT
que precisaria ser mais do que um super herói para torná-lo real.
Isso leva
à realidade que vemos na grande maioria das empresas. Em algumas delas colegas
que vivem verdadeiros malabarismos tentando planejar, executar e inspecionar tudo,
vivenciando quase que diariamente uma imensa série de conflitos e tendo que, em
muitos casos, pôr em risco o emprego para exercer sua função. Tão ruim quanto
isso é vermos em outros locais, um estado de total apatia do corpo técnico
prevencionista. Alguns deles, diga se de passagem, muito bem escondidos atrás
das imensas pilhas de papéis que inventam para se manter no sistema.
Ao mesmo
tempo e enquanto isso, o trabalho segue ferindo, mutilando, adoecendo, matando
e racionalmente sabemos que isso não interessa a ninguém. Então o que falta?
Falta com
certeza uma análise mais profunda dos quadros que temos dentro das empresas e o
entendimento por parte dos nossos colegas de que tal como qualquer área técnica
e embora a nossa esteja toda baseada em normas legais há necessidade de
estratégias para que a área se torne conhecida junto aos nossos clientes. Assim
costumamos dizer que falta um período de aproximação e de conhecimento, uma
espécie de namoro, para que as partes se conheçam melhor e possam conviver de
forma mais harmoniosa.
Muito
antes de oferecer um produto a um cliente, e prevenção de acidentes é um produto,
precisamos tentar compreender o quanto o cliente entende sobre aquele produto e
se entende, o quanto reconhece de utilidade e benefício em adquiri-lo,
investindo nele seus recursos. Quando desconhecemos esta etapa estamos
aumentando muito as dificuldades que teremos dali em diante.
Muitos de
nossos colegas afirmam que a área da prevenção implica em atuar com muitos e diversificados
conhecimentos e talvez nem saibam o quanto isso é verdadeiro e extenso. E aqui está
uma das ações que se espera de um SESMT maduro e bem preparado, conhecer e romper
as barreiras que impedem a prevenção indo além do conceito de que as pessoas
têm má vontade, entendendo que boa parte do que ocorre se deve à ignorância
sobre o assunto, ou à forma inadequada com que foi apresentado.
Portanto,
antes da técnica, que tal um reconhecimento do ambiente em sua volta?
O que você
acha de dedicar parte do seu tempo para conhecer as pessoas e avaliar, mesmo
que informalmente, o grau de conhecimento e entendimento que elas têm sobre a
atuação de nossa área e mesmo do profissional? E, é claro, a partir das conclusões
buscar ações que possam mudar paradigmas e reverter situações.
Não
podemos esquecer que a grande complexidade da prevenção passa pela imensa
complexidade humana e que a eficácia na aplicação e sucesso não estão nos papéis
que escrevemos, nas placas que instalamos, nos equipamentos que indicamos, mas
na capacidade de fazer com que as pessoas entendam que tudo isso tem valia e
importância para seus negócios, objetivos e vidas.
Prevenir a
resistência infundada à prevenção: uma etapa a mais para buscar o sucesso.
Parabéns pelo teu Blog Filipe.
ResponderExcluirOs conteúdos são muito interessantes para transformar em ações práticas e em mudanças de cutura e clima organizacional.
Um abraço.
Milton Cordeiro