sábado, 31 de março de 2012

Aprenda com os golfinhos!

     Toda vez que assisto a shows aquáticos com golfinhos fazendo várias brincadeiras e dando saltos de até cinco metros fora da água, pergunto-me: qual é o segredo dos treinadores para alcançar tamanha excelência na apresentação? Pesquisas apontam que os golfinhos estão entre os animais mais inteligentes, mas convencê-los a promover um espetáculo é algo desafiador.

     Gregory Bateson, biólogo e antropólogo, observou os padrões de comunicação dos golfinhos no Instituto de Pesquisas Marítimas, no Havaí. Ele trabalhou com os instrutores nos treinos e espetáculos públicos e fez descobertas muito curiosas e interessantes. Vejamos a seguir.

     O processo começou com um golfinho não treinado. No primeiro dia, quando o golfinho fez alguma coisa inesperada, como colocar a cabeça para fora da água, o instrutor usou um apito e, como recompensa, deu-lhe um peixe. Sempre que o golfinho se comportava daquela maneira, o instrutor apitava e lhe jogava peixe. Golfinho é esperto! Já falei... Logo ele aprendeu que ganharia peixe toda vez que executasse aquele determinado comportamento e aprendeu a regra da repetição+recompensa.
     No dia seguinte, ao observar a aproximação do instrutor, o golfinho logo colocou a cabeça fora da água, esperando seu café da manhã, mas não o obteve. Ele não entendeu nada e ficou frustrado. Repetiu várias vezes e já irritado com seu treinador, deu um salto para fora da água. Então, o instrutor usou o apito e lhe deu um peixe. E, claro, sempre que ele repetia essa nova proeza, recebia a recompensa. Golfinho é esperto! Já falei... Ele logo aprendeu a regra da inovação+recompensa.

     Esse padrão de treinamento se repetiu durante duas semanas. O golfinho repetia a proeza do dia anterior, mas não ganhava peixe. Algumas vezes, repetia saltos de outros dias tentando impressionar seu treinador, mas não ganhava peixe. Lá para o décimo quinto dia ele aprendia definitivamente que a regra era clara: recompensa somente para novos movimentos. Então, inovava a cada apresentação aumentando cada vez mais seu repertório.

     Bateson também observou que o instrutor jogava peixes para o golfinho fora da situação de treinamento. Ele ficou intrigado e ao perguntar a razão desse prêmio extra, ouviu: “Isso é para manter o relacionamento em termos amigáveis. Afinal, se não cultivarmos esse vínculo ele não vai se interessar em aprender alguma coisa”.

     Agora imaginemos que os vendedores, fornecedores ou prestadores de serviço sejam golfinhos e os clientes ou consumidores sejam os seus treinadores. Por melhor que seja seu produto ou serviço (proezas), seu cliente pode já ter acostumado e espera algo novo ou extraordinário para continuar comprando o que você vende (peixe). Essa é a regra do jogo do mercado consumidor ávido por inovações! Os golfinhos da Apple, por exemplo, aprenderam rapidamente que design, inovação, simplicidade, perfeição e estado da arte são garantias de muitos peixinhos e domínio do mercado.

     Seu cliente põe o peixe em sua mesa até certo ponto, pois ao descobrir que o concorrente (outro golfinho) oferece um novo benefício, cria um novo valor ou promove uma nova experiência, passa a desejar essa mesma proeza de sua parte. Mas, se você demora demais para entender o que seu cliente deseja e, principalmente, inovar sua oferta, perderá sua recompensa. O problema é que muitas vezes seu cliente, ou melhor, treinador, já está recompensando outro golfinho mais esperto e eficiente porque você é lento demais para aprender as regras do jogo.

     Por outro lado, vejo muitos trabalhadores infelizes com suas carreiras, reclamando de salários baixos e da falta de promoções, oportunidades ou sorte. São como golfinhos que não aprendem a regra do jogo inovação+recompensa. Acham que não precisam evoluir seus saltos, proezas ou números, pois têm seu peixinho ali todo dia. Esquecem-se de que esse peixinho é somente o peixinho da relação, aquele que é dado para manter as coisas no nível amigável.

     Por melhor que seja seu salário, chegará um momento em que o peixe não é mais suficiente e outros golfinhos criarão e buscarão aprimorar-se com o desenvolvimento de novas competências e garantirão cargos, salários e comissões maiores. Gerentes, diretores e contratantes buscam diariamente novas ações, idéias e atitudes. Golfinho que agrega mais valor a si mesmo, ao aquário e ao espetáculo merece uma recompensa maior do que aquele desinteressado em aprender, crescer e evoluir.

     Alguns leitores mais atentos perguntarão: E o apito? Ah! O apito é uma mensagem que o treinador usa para fazer com que o golfinho entenda que ele fez uma nova+ação (inovação) que gerou seu interesse. Ou seja, o apito significa "Gostei! Repita o comportamento que você teve agora”. Nas empresas, somente os líderes sabem a hora certa de apitar e conduzir cada membro da equipe. O cliente também apita com o intuito de mostrar o que deseja ou necessita, mas o golfinho vendedor está mais interessado na comissão do que na experiência ou espetáculo final.

     Enfim, os golfinhos são inteligentes e já aprenderam conosco. Resta-nos aprender com eles. A regra do jogo é clara: Ganha mais quem agrega mais valor ao espetáculo! O que você sempre fez não atende mais às expectativas do treinador, nem arranca mais sorrisos e encantamentos da platéia. Quer mais peixe? Quer maiores recompensas? Faça mais! Faça diferente! Faça melhor! Seja hoje uma versão inédita de si mesmo. O que faz a diferença hoje é a diferença que você realmente faz em seu aquário. Quando começa seu novo show?

     Vamos! Salte! Mova-se!

Marcos Antonio de Sousa

quinta-feira, 29 de março de 2012

O anel

"Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de valor."

Albert Einstein

     Quanto você vale?

     - Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

     O professor, sem olhá-lo, disse:

     - Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.

     E fazendo uma pausa, falou:

     - Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.

     - C...claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor.

     O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:

     - Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.

     O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

     Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos.

     Entrou na casa e disse:

     - Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.

     - Importante o que disse: meu jovem, contestou sorridente o mestre. - Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exato do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.

     O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:

     - Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

     O jovem, surpreso, exclamou:

     - 58 MOEDAS DE OURO!!!
  
     - Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente...

     O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.

     - Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:

     - Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???

     E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.

     - Todos somos como esta jóia. Valiosos e únicos e andamos pelos mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.
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