quinta-feira, 7 de junho de 2012

Pessoas “sincericidas”

Luiz Marins

     Conheço pessoas “sincericidas”. Uma pessoa “sincericida” é aquela que usa da sinceridade absoluta e total no momento errado, no lugar errado, da forma errada, para a pessoa errada, cometendo um verdadeiro suicídio.

     Muitas pessoas se gabam de sua sinceridade, sem perceber que a sinceridade absoluta num momento errado e em local inadequado pode ser altamente ofensiva, rude e condenável. Conheço pessoas que perderam muitos amigos e até seus empregos por “atitudes sincericidas”. Conheço pessoas que falam mal de outras ausentes, em público, sem o menor pudor, se dizendo sinceras. Conheço casamentos que poderiam durar, sendo desfeitos por causa de “verdades” ditas em ocasiões erradas, de forma errada, com palavras erradas.

     É óbvio que não sou advogado da mentira ou da falsidade. Mas quero chamar a atenção do leitor para o fato de que vivemos em sociedade e há certas coisas que só devem ser ditas para a pessoa certa, na hora certa, no local certo - e da maneira certa. Se você tem uma opinião negativa sobre a empresa onde trabalha, sobre seu chefe ou mesmo seu subordinado, não deve sair falando publicamente, por mais que deseje ser verdadeiro e sincero. Conheço chefes que falam muito mal de seus subordinados em rodas de amigos, assim como funcionários que falam mal da empresa em que trabalham a quem queira ouvir.

     Um caso típico de “sincericídio” (quando a verdade surge quando não deveria) ocorreu quando um fornecedor colocou na sua rede social da internet comentários desairosos sobre um de seus clientes. Resultado: é claro que perdeu o cliente. Também conheço casos de funcionários que colocaram em suas redes sociais comentários negativos sobre seus colegas de trabalho e acabaram perdendo o emprego. Nos dois casos tudo que foi dito é verdadeiro e sincero, mas não deveria ser postado numa rede social, é claro.

     Conheço pessoas “sincericidas” que usam de reuniões para publicar sua sinceridade, criando um clima constrangedor entre os participantes. “Eu sou assim mesmo: sou sincero e falo a verdade”, me disse uma dessas “sincericidas”, conhecida pela falta de educação e ausência de polidez ao tratar com as pessoas.

     Pense se você também não é um “sincericida”. Não seja falso, nem mentiroso. Mas pense bem como irá tornar público o seu pensamento. É muito bom que a verdade seja dita e que você seja sincero. Mas faça isso na hora certa, no lugar certo e da forma certa.

     Pense nisso. Sucesso!

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