Nem todos os perigos e riscos são iguais ou podem
causar as mesmas consequências. Perigos/ riscos pessoais ou ocupacionais, tais
como escorregões, quedas, cortes e acidentes com veículos, geralmente produzem
efeitos sobre um único trabalhador. Por outro lado, perigos/riscos de processo
podem ocasionar acidentes maiores, envolvendo a libertação de materiais
potencialmente perigosos, incêndios e explosões ou ambos. Os incidentes de
segurança de processo podem ter efeitos catastróficos e podem resultar em
múltiplas mortes e feridos, assim como danos substanciais à economia, à
propriedade e ao ambiente. Incidentes de segurança de processo podem causar dano,
tanto aos trabalhadores no interior de uma fábrica, como ao público que reside
nas vizinhanças. Essa é a razão pela qual a gestão da segurança de processo
está focada no projeto e engenharia das instalações, testes e manutenções de
equipamentos, alarmes e controles de processo eficazes, procedimentos de
operação e manutenção, formação do pessoal e fatores humanos.
SEGURANÇA DE PROCESSO SEGURANÇA PESSOAL
Uma analogia
O professor Andrew Hopkins da Australian Nation
University sugere o seguinte exemplo para mostrar a diferença entre segurança
pessoal e segurança de processo. Uma preocupação de segurança importante na
indústria da aviação comercial são as lesões causadas aos carregadores de
bagagens – por exemplo, lesões nas costas e luxações musculares (segurança
pessoal). Mas nenhuma empresa aérea jamais pensaria que seus esforços para
reduzir esse tipo de lesão melhoraria a segurança de voo (equivalente à
segurança de processo). São necessárias atividades e programas diferentes para
gerir as diferentes áreas da segurança.
Sabia?
O bom desempenho em segurança pessoal não assegura
um bom desempenho em segurança de processo. Embora exista muito em comum, como
uma boa cultura e atitude de segurança, um bom desempenho em segurança de
processo requer uma compreensão profunda dos perigos específicos associados aos
produtos químicos (manuseados ou armazenados) e às operações de processo que
são realizadas em cada instalação.
O que podes fazer?
- Compreender os perigos e riscos específicos dos
materiais na tua instalaçãp e a tua responsabilidade no manuseio com segurança
desses materiais.
- Compreender os perigos e riscos específicos dos
processos de manipulação, armazenagem, transporte, reembalagem, outras
operações de processamento realizadas na tua unidade;
- Compreender o teu papel nas atividades de
segurança de processo, incluindo a análise de perigos e riscos, a gestão de
mudança, o relato e investigação de incidentes, a manutenção e testes, e o
cumprimento dos procedimentos e práticas de trabalho seguras.
Observe a imagem e identifique os riscos
existentes. Pergunta: Quais os riscos que você identifica na
situação?
Resposta:
1 – Ajudantes estão sem os EPIs necessários para a
atividade capacete com jugular, óculos de segurança, cinto de segurança e luvas
de proteção)
2 - Colaborador de boné vermelho está sobre a
carroceria do caminhão no ato do carregamento (proibido)
2 - Colaborador sem boné em cima da carga puxando
uma corda para amarrá-la, (risco de queda, pois o mesmo está sem o cinto trava
queda que deve ser utilizado quando se vai lonar um caminhão, ou fazer algum
serviço em altura) e também, o mesmo está ajoelhado em baixo da luminária, quando
se levantar pode bater a cabeça nela.
3 - Operador de empilhadeira está transitando com a
carga elevada além do permitido. (proibido) e também não está usando capacete
com jugular, óculos de proteção e nem protetor auditivo sem contar que não está
usando o cinto de segurança, pois o mesmo está pendurado ao lado do banco.
4 - Existe um buraco próximo à traseira do
caminhão, onde quando o pneu da empilhadeira passar sobre ele, ou se o operador
frear, vai fazer com que a carga caia para frente, ferindo o colaborador que
está sobre o caminhão.
5 - A carga está passando do limite dos garfos,
onde o centro de carga está fora do limite de segurança.
6 - A carga pesa 3.200 Kg, sendo que a capacidade
da empilhadeira é para 3.0T.
7 - Os faróis da empilhadeira estão apagados, sendo
que o correto seria que estivessem acesos para ajudar o pedestre a visualizar a
empilhadeira tanto a noite quanto de dia (Veja e seja Visto).
Dentre todos os agentes do risco físico o que
possui maior incidência é o ruído. Milhares de trabalhadores sofrem com o ruído
de seus locais de trabalho, sejam eles internos ou externos.
Esse agente é preocupante, pois a exposição a ele
causa interferência na saúde, bem estar e qualidade de vida das pessoas, o
fator de grande influência é o tempo de exposição e intensidade desse ruído,
pois pode haver grande exposição e baixa intensidade ou vice-versa, mas as duas
situações podem causar danos a saúde do trabalhador.
Como proteção ao trabalhador existem várias leis e
normas que buscam adequar o tempo de exposição e a concentração do agente ao
dia a dia de contato. Dentre eles destacamos o PCA que é o Programa de
Conservação Auditiva, com o intuito de preservar a audição do indivíduo, sendo
ele portador ou não da perda auditiva, visto que o programa é direcionado a
prevenção.
Como documento base a elaboração desse programa
atende aos seguintes requisitos legais:
PCMSO e PPRA, (Portaria Nº 24, 1994)
Portaria Nº 19 de 09/04/98 do MTb
OS Nº 608 de 05/08/98 do MPS 2.
Este programa é desenvolvido através de adoção da
implantação de rotinas nas empresas para que se consiga a prevenção ou a
estabilização das perdas auditivas ocupacionais.
Definição de PCA (Programa de Conservação Auditiva)
é um conjunto de medidas técnicas simplificadas ou administrativas, distribuídas
e mantidas ao longo do tempo, que agindo de forma integrada e complementar
entre si, pode servir de substituto temporário a modernização tecnológica e
melhoria das condições de trabalho como um todo.
Essa avaliação é realizada pelo fonoaudiólogo
através da audiometria, inclusive avaliando a eficácia do programa em
decorrência do contato individual com o trabalhador, bem dando maiores
esclarecimentos sobre os efeitos do ruído e as formas de prevenção, e
principalmente o uso do EPI e equipamentos de proteção auditiva.
O SESMT deve escolher um local apropriado para
implantar o programa. Quanto maior for o tempo, melhor será a extensão do PCA.
Nesta indicação devem estar contidos os geradores de ruído, como máquinas,
equipamentos e fatores externos.
Atualmente, muitas empresas possuem este tipo de
programa com a finalidade de prevenir a saúde auditiva dos seus funcionários.
Podemos referenciar uma data importante para a implantação do programa, durante
a realização da SIPAT na empresa, aproveitando o espírito de conscientização,
prevenção e mobilização.
O programa deve exercer atividades como:
• Avaliação e monitoramento do ruído;
• Avaliação e monitoramento da audição;
• Orientações sobre o uso dos protetores
auriculares;
• Palestras educativas sobre a prevenção auditiva.
O exame audiométrico deve ser realizado apenas por
profissional habilitado, ou seja, fonoaudiólogo ou médico reconhecidos por meio
de registro nos respectivos conselhos profissionais.
O resultado do teste audiométrico deve ser
registrado de forma que contenha no mínimo:
a) nome, idade e número de registro de identidade
do trabalhador e assinatura do mesmo;
b) nome da empresa e função do trabalhador;
c) tempo de repouso auditivo cumprido para a
realização do exame;
d) nome do fabricante, modelo e data da última
calibração do audiômetro;
e) nome, nº de registro no conselho regional e
assinatura do profissional responsável pela execução da audiometria.
A existência de audiometrias sequenciais facilita o
diagnóstico, fornecendo dados importantes no que diz respeito à progressão da
perda auditiva no decorrer do tempo.
Portanto, os programas de conservação auditiva
devem ser coordenados por profissionais da área, fonoaudiólogos, engenheiros e
técnicos de segurança do trabalho, sendo necessário o intercâmbio das
informações adequadas ao sucesso do programa.
PT – Permissão de
Trabalho é a autorização dada por escrito, em documento próprio para a execução
de qualquer trabalho de manutenção, montagem, desmontagem, construção, reparo
ou inspeção de equipamentos a ser realizado na área industrial. Tem por
objetivo esclarecer as etapas para avaliação de liberação de serviços com
riscos potenciais de acidentes a serem executados nas diversas áreas.
Ao preencher a PT leia atentamente antes de iniciar
o serviço, verificando se foram atendidas todas as recomendações exigidas. Deve
estar devidamente preenchida, assinada e permanecer junto à obra em local
visível sob a responsabilidade da supervisão. É necessário também, que o
preenchimento dessa autorização seja bem feita, com critérios, para que tenham
validade na orientação dos funcionários. Para auxiliá-lo descrevemos abaixo
algumas instruções para o devido preenchimento da Permissão de trabalho:
A) Antes de iniciar o trabalho:
- Vá ao local de execução do trabalho para efetuar
a inspeção, verifique e anote todas as condições que envolvam perigo antes de
iniciar suas atividades.
- Comunique-se com a supervisão, responsável pela
área para que essa tome conhecimento e para que possa contribuir nas instruções
de segurança.
- Preencha o formulário no local que irá ser
executado o trabalho, ao elaborar este procedimento, todos os responsáveis
devem participar com o objetivo de descrever as etapas de trabalho, verificando
a cada etapa os perigos e as medidas preventivas a serem executadas.
- Após a elaboração da Análise de Risco e da
Permissão de Trabalho (DEVIDAMENTE PREENCHIDA), reúna todos os colaboradores e
passe instruções de segurança de acordo com os dados registrados neste
procedimento.
- A instrução dada à equipe de trabalho deve ser
feita exatamente na área de trabalho com o objetivo de mostrar os locais
perigosos, as formas adequadas de trabalho, o uso de equipamentos de segurança,
etc. Após as instruções, solicite as assinaturas dos participantes no verso do
formulário.
B) Ao iniciar o trabalho:
- Todas as etapas devem obedecer à determinação da
PT, desde a forma de trabalho até o uso de equipamentos de proteção individual.
- Todo local de trabalho deve estar devidamente
isolado.
- Deixe a PT em local visível e o preenchimento
deve estar legível e preenchido com todos os itens de segurança necessário para
a execução do trabalho com segurança.
- Todos os dias a supervisão da empresa contratada,
antes de iniciar as atividades, deve reunir sua equipe de trabalho e efetuar
instruções de segurança de acordo a Permissão de Trabalho e a Análise de Risco.
- Caso haja acidentes/incidentes, os responsáveis
devem parar o serviço, reunir todos seus funcionários e divulgá-los com o
objetivo de apresentar as falhas e as medidas preventivas para evitar a
reincidência.
- Todo local da obra/serviços, deve ter cartazes de
segurança para orientação dos funcionários e pessoas que passam próximo ao
local.
- Os responsáveis têm como obrigação, coletar dados
sobre as falhas nas execuções das atividades com o objetivo de efetuar
instruções de segurança visando à prevenção de acidente e a qualidade no
trabalho.
- Os trabalhos devem iniciar somente após a
leitura, entendimento e assinatura por parte dos executantes.
C) Término do Trabalho:
- Efetue inspeção em todo local da obra, eliminando
as irregularidades apresentadas (lixo, peças soltas sobre equipamentos,
materiais inflamáveis, estruturas soltas, estruturas amarradas, etc.) - Após a
inspeção para liberar a área a empresa contratada deve comunicar a supervisão
da área e ao contratante para que esses verifiquem as condições do trabalho e
também as condições de segurança do local.
- Todas as etapas de
término de trabalho devem estar contidas na Permissão de Trabalhos. Após a
conclusão dos trabalhos, o responsável pela execução, deverá devolver a ficha
de liberação para o responsável da área ou solicitante, para vistoria e
conhecimento da conclusão do serviço. A ficha de liberação deverá ser arquivada
no Setor de Segurança do Trabalho.
Muitos acidentes quase acontecem... São aqueles que
não provocam ferimentos apenas porque ninguém se encontra numa posição de se
machucar. Provavelmente, se nós tivéssemos conhecimento dos fatos,
descobriríamos que existem muito mais acidentes que não causam ferimentos do
que aqueles que causam.
Você deixa alguma coisa pesada cair de suas mãos e
não acerta o próprio pé. Isto é um acidente, mas sem grandes consequências ou
mesmo um pequeno ferimento. Você sabe o que geralmente faz com que um quase
acidente não seja um acidente com ferimentos? Geralmente é uma fração de
segundo ou uma fração de espaço. Pense bem. Menos de um segundo ou um
centímetro separa você ou uma pessoa de ser atropelado por uma empilhadeira.
Esta diferença é apenas uma questão de sorte? Nem sempre. Suponha que você
esteja voltando para a casa à noite de carro e por pouco não tenha atropelado
uma criança correndo atrás de uma bola na rua. Foi apenas sorte você ter
conseguido frear no último segundo a poucos centímetros da criança? Não. Um outro
motorista talvez tivesse atropelado a criança. Neste exemplo os seus reflexos
podem ter sido mais rápidos, ou talvez você estivesse mais alerta ou mais
cuidadoso. Seu carro pode ter freios melhores, melhores faróis ou melhores
pneus. De qualquer maneira, não se trata de sorte, apenas o que faz com que um
quase acidente não se torne um acidente real. Quando acontece algo como no caso
da criança quase atropelada, certamente, você reduzirá a velocidade sempre que
passar novamente pelo mesmo local. Você sabe que existem crianças brincando nos
passeios e que, de repente, elas podem correr para a rua.
No trabalho um quase acidente deve servir como
aviso da mesma maneira. A condição que quase causa um acidente pode facilmente
provocar um acidente real da próxima vez em que você não estiver tão alerta ou
quando seus reflexos não estiverem atuando tão bem.
Tome por exemplo, uma mancha de óleo no chão. Uma
pessoa passa, vê, dá a volta e nada acontece. A próxima pessoa a passar pelo
local não percebe o óleo derramado, escorrega e quase cai. Sai desconcertado e
resmungando. A terceira pessoa, infelizmente, ao passar, escorrega, perde o
equilíbrio e cai, batendo com a cabeça em qualquer lugar ou esfolando alguma
parte do corpo.
Tome um outro exemplo. Um material mal empilhado se
desfaz no momento que alguém passa por perto. Pelo fato de não ter atingido
esta pessoa, ela apenas se desfaz do susto e diz. “Puxa, essa passou por
perto!”
Mas se a pilha cai em cima de alguém que não
conseguiu ser mais rápido o bastante para sair do caminho e se machuca, faz-se
um barulho enorme e investiga-se o acidente. 2
A conclusão é mais do que óbvia. NÓS DEVEMOS ESTAR
EM ALERTA PARA O QUASE ACIDENTE. Assim evitamos ser pegos por acidentes reais.
Lembre-se que os quase acidentes são sinais claros de que algo está errado.
Exemplo: Nosso empilhamento de material pode estar
mal feito; a arrumação do nosso local de trabalho pode não estar boa. Vamos
verificar nosso local de trabalho, a arrumação das ferramentas e ficar de olhos
bem abertos para as pequenas coisas que podem estar erradas. Relate e corrija
estas situações. Vamos tratar os quase acidentes como se fossem um acidente
grave, descobrindo suas causas fundamentais enquanto temos chance, pois só
assim conseguiremos fazer de nosso setor de trabalho um ambiente mais sadio.
Recentemente foi publicado nos Estados Unidos um livro que tem tudo para se transformar em um best seller daqueles que ajudam muita gente a mudar sua forma de enxergar a vida. The top five regrets of the dying (algo como “Os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais”) foi escrito por Bronnie Ware, uma enfermeira especializada em cuidar de pessoas próximas da morte.
Para analisar a publicação, a Sociedade Beneficiente Albert Einstein convidou a Dra. Ana Cláudia Arantes – geriatra e especialista em cuidados paliativos do Einstein – que comentou, de acordo com a sua experiência no hospital, cada um dos arrependimentos levantados pela enfermeira americana. Confira abaixo.
1. Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim
“À medida que a pessoa se dá conta das limitações e da progressão da doença, esse sentimento provoca uma necessidade de rever os caminhos escolhidos para a sua vida, agora reavaliados com o filtro da consciência da morte mais próxima”, explica Dra. Ana Cláudia.
“É um sentimento muito frequente nessa fase. É como se, agora, pudessem entender que fizeram escolhas pelas outras pessoas e não por si mesmas. Na verdade, é uma atitude comum durante a vida. No geral, acabamos fazendo isso porque queremos ser amados e aceitos. O problema é quando deixamos de fazer as nossas próprias escolhas”, explica a médica.
“Muitas pessoas reclamam de que trabalharam a vida toda e que não viveram tudo o que gostariam de ter vivido, adiando para quando tiverem mais tempo depois de se aposentarem. Depois, quando envelhecem, reclamam que é quando chegam também as doenças e as dificuldades”, conta.
2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto
“Não é uma sensação que acontece somente com os doentes. É um dilema da vida moderna. Todo mundo reclama disso”, diz a geriatra.
“Mas o mais grave é quando se trabalha em algo que não se gosta. Quando a pessoa ganha dinheiro, mas é infeliz no dia a dia, sacrifica o que não volta mais: o tempo”, afirma.
“Este sentimento fica mais grave no fim da vida porque as pessoas sentem que não têm mais esse tempo, por exemplo, pra pedir demissão e recomeçar”.
3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos
“Quando estão próximas da morte, as pessoas tendem a ficar mais verdadeiras. Caem as máscaras de medo e de vergonha e a vontade de agradar. O que importa, nesta fase, é a sinceridade”, conta.
“À medida que uma doença vai avançando, não é raro escutar que a pessoa fica mais carinhosa, mais doce. A doença tira a sombra da defesa, da proteção de si mesmo, da vingança. No fim, as pessoas percebem que essas coisas nem sempre foram necessárias”.
“A maior parte das pessoas não quer ser esquecida, quer ser lembrada por coisas boas. Nesses momentos finais querem dizer que amam, que gostam, querem pedir desculpas e, principalmente, querem sentir-se amadas. Quando se dão conta da falta de tempo, querem dizer coisas boas para as pessoas”, explica a médica.
4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos
“Nem sempre se tem histórias felizes com a própria família, mas com os amigos, sim. Os amigos são a família escolhida”, acredita a médica. “Ao lado dos amigos nós até vivemos fases difíceis, mas geralmente em uma relação de apoio”, explica.
“Não há nada de errado em ter uma família que não é legal. Quase todo mundo tem algum problema na família. Muitas vezes existe muita culpa nessa relação. Por isso, quando se tem pouco tempo de vida, muitas vezes o paciente quer preencher a cabeça e o tempo com coisas significativas e especiais, como os momentos com os amigos”.
“Dependendo da doença, existe grande mudança da aparência corporal. Muitos não querem receber visitas e demonstrar fraquezas e fragilidades. Nesse momento, precisam sentir que não vão ser julgados e essa sensação remete aos amigos”, afirma.
5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz
“Esse arrependimento é uma conseqüência das outras escolhas. É um resumo dos outros para alguém que abriu mão da própria felicidade”.
“Não é uma questão de ser egoísta, mas é importante para as pessoas ter um compromisso com a realização do que elas são e do que elas podem ser. Precisam descobrir do que são capazes, o seu papel no mundo e nas relações. A pessoa realizada se faz feliz e faz as pessoas que estão ao seu lado felizes também”, explica.
“A minha experiência mostra que esse arrependimento é muito mais dolorido entre as pessoas que tiveram chance de mudar alguma coisa. As pessoas que não tiveram tantos recursos disponíveis durante a vida e que precisaram lutar muito para viver, com pouca escolha, por exemplo, muitas vezes se desligam achando-se mais completas, mais em paz por terem realmente feito o melhor que podiam fazer. Para quem teve oportunidade de fazer diferente e não fez, geralmente é bem mais sofrido do ponto de vista existencial”, alerta.
Dica da especialista
“O que fica bastante claro quando vejo histórias como essas é que as pessoas devem refletir sobre suas escolhas enquanto têm vida e tempo para fazê-las”.
“Minha dica é a seguinte: se você pensa que, no futuro, pode se arrepender do que está fazendo agora, talvez não deva fazer. Faça o caminho que te entregue paz no fim. Para que no fim da vida, você possa dizer feliz: eu faria tudo de novo, exatamente do mesmo jeito”.
De acordo com Dra. Ana Cláudia, livros como este podem ajudar as pessoas a refletirem melhor sobre suas escolhas e o modo como se relacionam com o mundo e consigo mesmas, se permitindo viver de uma forma melhor. “Ele nos mostra que as coisas importantes para nós devem ser feitas enquanto temos tempo”, conclui a médica.